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January 15, 2009

GAZETA MERCANTIL: Um brasileiro no seleto mundo da ópera

Apesar do atual prestígio internacional alcançado, Arancam ainda não conseguiu realizar um ideal: trazer seus espetáculos para o público brasilileiro e se apresentar em sua terra natal. O impedimento, por enquanto, é a falta de patrocínio, segundo o tenor. Vou buscar isso sempre, não tenho dúvidas de que há público para esse tipo de apresentação no Brasil , diz Arancam, contradizendo os que pensam que no país do samba não há admiradores de ópera suficientes para que hajam grandes espetáculos do gênero.

São Paulo, 6 de Janeiro de 2009 - A ópera definitivamente não está entre os gêneros musicais mais populares do Brasil, mas o pouco contato com a música erudita no País não impediu que Thiago Arancam se interessasse pelo canto lírico ainda quando criança, em São Paulo. Aos sete anos, o aspirante a tenor já participava do coral da escola Liceu Coração de Jesus e desde então não parou mais de se dedicar ao estilo de música. No entanto, na época em que ingressou nos corais, Arancam não imaginava que a ópera seria a principal atividade de sua vida e o levaria ao sucesso na Europa antes dos 30 anos de idade. O principal resultado da ousadia de Arancam em acreditar nesse gênero musical pouco difundido no Brasil pôde ser visto no ano passado: um convite do veterano tenor espanhol Plácido Domingo para atuar na ópera Carmen, de Bizet, no papel de Don José, principal personagem masculino da trama que conta a história da cigana que usa seus talentos de dança e canto para seduzir os homens. O concerto ocorreu na Ópera de Washington, nos Estados Unidos, em novembro do ano passado, marcando o principal momento da carreira do jovem tenor até o momento. Junto com Luciano Pavarotti e José Carreras, Plácido Domingo, que dirigiu o espetáculo Carmen, foi justamente um dos tenores que influenciaram Arancam a seguir a carreira de cantor lírico. Na época em que formavam os Três Tenores , trio de música erudita criado na década de 90, a admiração pelos cantores de ópera foi decisiva para que Arancam optasse por ingressar definitivamente nesse mundo. Os Três Tenores estavam em evidência quando decidi que essa era a minha área , relembra Arancam, fã dos três músicos. Foi mais ou menos na época do auge do sucesso dos Três Tenores que ele começou a se profissionalizar, em 1998, quando iniciou os estudos na Escola Municipal de Música, em São Paulo. Em 2003, se formou em canto erudito pela Faculdade de Música Carlos Gomes, também na capital paulista. Carreira na Europa No entanto, a ascensão internacional de Arancam no cenário da música lírica mundial só se deu mesmo após o tenor vencer o Prêmio Revelação, do Concurso Internacional de Canto Erudito Bidu Sayão, ainda no Brasil. A participação colocou Arancam em contato com um agente internacional que, acreditando em seu talento, prometeu ajudá-lo e apresentá-lo para alguns importantes dirigentes de teatro na Europa. Foi então que Arancam se arriscou e mudou-se para a Itália com as economias provenientes de apresentações em eventos corporativos no Brasil. Lá, foi convidado a freqüentar a Academia de Canto Lírico do Teatro Alla Scala, de Milão, uma das mais importantes no mundo. A academia me direcionou para o lado da atuação profissional e a partir daí tudo ficou mais fácil para mim , relata Arancam, lembrando que a aceitação na Alla Scalla foi o principal trampolim de sua carreira internacional. Após ingressar na escola, o tenor venceu o Operália , mais importante concurso de voz lírica do mundo, em Quebec, no Canadá, nas categorias zarzuela (ópera espanhola) e escolha do público. Vencer 43 candidatos de 19 países fez com que Arancam despontasse no ano passado como um dos grandes nomes do canto lírico no mundo, aos 26 anos. A ascensão já se reflete na agenda de shows do tenor brasileiro, que mora atualmente em Monte Carlo, em Mônaco, mas já viveu por quatro anos em Milão. Atualmente em turnê pela Alemanha com a ópera Tosca, de Giacomo Puccini, Arancam deve se apresentar também nos Estados Unidos, Inglaterra e Malásia em 2009. Uma turnê pelo Brasil esse ano também figura nos planos do tenor. Falta de patrocínio Apesar do atual prestígio internacional alcançado, Arancam ainda não conseguiu realizar um ideal: trazer seus espetáculos para o público brasilileiro e se apresentar em sua terra natal. O impedimento, por enquanto, é a falta de patrocínio, segundo o tenor. Vou buscar isso sempre, não tenho dúvidas de que há público para esse tipo de apresentação no Brasil , diz Arancam, contradizendo os que pensam que no país do samba não há admiradores de ópera suficientes para que hajam grandes espetáculos do gênero. Nas últimas semanas recebi cerca de cinco mil e-mails de brasileiros querendo saber onde vou me apresentar. O que falta é patrocínio , garante Arancam, que diz sonhar com as apresentações em em solo brasileiro. No momento, o tenor anuncia que está tentando viabilizar treze apresentações em capitais do Brasil já para o primeiro semestre desse ano. Segundo ele, os espetáculos devem acontecer por meio da Lei Roaunet de incentivo à cultura, que torna possível deduzir o gasto com o patrocínio do imposto de renda das empresas. Na Europa, por causa da popularidade da música erudita, a busca por patrocínio foi um pouco mais fácil. Por lá, a Cesare Razazzi Company, clínica capilar italiana do empresário Alessandro Corona que possui uma filial no Brasil, é a empresa que apóia a carreira de Arancam. (Gazeta Mercantil - Carolina Pereira)

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